A pandemia de COVID-19 impactou diretamente na vida das mulheres.
A necessidade de distanciamento social fez com que muitas mulheres ficassem longe das famílias e das redes de apoio, o que trouxe consequências na saúde mental e no aumento das violências domésticas.
A suspensão das aulas da educação infantil e ensino fundamental impôs que as mulheres assumissem os cuidados com as crianças em casa, sobrecarregando ainda mais o trabalho doméstico, dificultando a conciliação dessa função com a atividade profissional.
A desinformação e as falsas informações acabaram por afastar as mulheres com doenças crônicas dos atendimentos rotineiros e as gestantes das consultas médicas necessárias.
Com o objetivo de melhor orientar as mulheres diante dos impactos da pandemia do novo coronavírus, a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), lançou a cartilha “Mulheres na COVID-19".
A ONU Mulheres, também preocupada com o atendimento às mulheres em situação de violência em tempos de pandemia, lançou o documento "Diretrizes para Atendimento em Casos de Violência de Gênero contra Mulheres e Meninas em Tempos de Pandemia COVID-19".
O jornal O Estado de Minas publicou, em alusão ao Dia Internacional da Mulher (08/03/2021), matéria intitulada “Mulheres e COVID-19: a realidade feminina na pandemia”, citando um estudo realizado pela ONG Kaiser Family Foundation, dos Estados Unidos – o qual aponta que as mulheres se sentem emocionalmente mais abaladas, em meio à pandemia, do que os homens. Os dados mostram que 53% das mulheres que responderam a pesquisa declararam que o estresse e a preocupação, neste período, têm relação com o Sars-Cov-2. Entre os homens, esse índice é de 37%. A matéria contextualiza pontos importantes para a saúde da mulher e transcrevemos abaixo, citando ao final o endereço eletrônico da publicação.
Consultas durante a pandemia
A ida ao ginecologista é muito importante para a saúde da mulher. As consultas são cruciais para a prevenção e tratamento de doenças, identificação de problemas sexuais, prescrição de métodos contraceptivos e melhora na qualidade de vida da mulher. Justamente por isso, o presidente da Sociedade de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Delzio Salgado Bicalho, afirma que o encontro com o ginecologista é fundamental, mesmo em meio à pandemia, para a saúde da mulher.
“A principal recomendação continua sendo as consultas regulares, pois o ginecologista é o médico da mulher. Ele deve fazer os exames preventivos e orientá-las sobre comportamentos de risco, além do estímulo à vacinação contra o HPV. Deve-se lembrar que mudanças de postura requerem disseminação de informações e conscientização social”, alerta Delzio Salgado Bicalho, que aponta, ainda, a importância da obstetrícia nesse cenário para a realização de um pré-natal adequado e aconselhar a mulher e familiares sobre o período gestacional.
Gravidez e pandemia
Até o momento, não há orientação para que mulheres não engravidem. O pré-natal continua a ser a melhor maneira de cuidar da gestante e do bebê, mesmo em tempo de isolamento social. Para o obstetra e diretor de ação social da Sogimig, Francisco Lírio Ramos Filho, é fundamental a realização do pré-natal e que as gestantes sigam as orientações médicas. Isso para que, preocupadas em não contrair o vírus, essas mulheres não desenvolvam outros problemas de saúde.
“A gestante é considerada grupo de risco. Tem o perfil que, se contrair a doença, pode colocar em risco sua saúde e a do seu filho. Então, no consultório médico, devem ser tomados todos os cuidados para que não corra riscos. Aquela gestante que for sintomática deve ser orientada a procurar um pronto atendimento obstétrico, a maternidade. Isso para que não corra o risco de ir a um consultório e contamine outras pessoas”, diz.
Para isso, todas as maternidades devem estar preparadas para o atendimento das mulheres com sintomas gripais e possíveis infectadas por COVID-19. No momento do parto, cuidados são mantidos para evitar riscos.
No período de puerpério, a dúvida é quanto à amamentação. Porém, segundo o Ministério da Saúde, não há comprovação científica da transmissão da COVID-19 pelo leite materno. Por isso, a recomendação é manter o aleitamento exclusivo e em livre demanda desde a sala de parto até o sexto mês de vida da criança. Juntamente com uma alimentação saudável, a amamentação deve ser mantida até os dois anos ou mais.
Violência, feminicídio e pandemia
Dados do relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que os números de feminicídio entre março e maio de 2020 aumentaram em relação ao mesmo período de 2019. Além disso, um levantamento realizado pelo instituto Data Folha, no período de novembro de 2019 até novembro de 2020, aponta que 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. Segundo a pesquisa, 42% dessas violências foram cometidas em ambiente doméstico.
Em Mato Grosso do Sul, constatamos um aumento de 30% dos feminicídios, do ano de 2019 para o ano de 2020.
Saúde mental e pandemia
“As mulheres têm maior risco de apresentarem sintomas depressivos e ansiosos ao longo da vida, o que chega a ser o dobro da incidência dos homens, e diversos fatores podem estar relacionados com essa constatação: fatores hormonais, ambientais, genéticos e estressores. Elas têm maior exposição à violência doméstica, podem ter maior incidência de abuso sexual, além de serem as maiores responsáveis de forma geral nos cuidados com as atividades da casa e os filhos.” É o que diz a médica psiquiatra Christiane Ribeiro. Segundo ela, esses aspectos de risco para as mulheres podem aumentar ainda mais o risco neste período de isolamento social, haja vista o aumento da sobrecarga em relação às atividades domésticas e escolares dos filhos somadas às de trabalho, como o home office.
“Estudos realizados na China, em Wuhan, indicam que as funcionárias apresentaram mais sintomas de estresse, depressão e ansiedade quando comparadas aos do sexo masculino. Outro fato que contribui para o aumento do sofrimento das mulheres na pandemia seria o fato de termos, no Brasil, mais mulheres que homens na linha de frente. A sobrecarga mental, estafa, insônia e sintomas depressivos e ansiosos, incluindo dificuldades de concentração e irritabilidade são as maiores queixas da mulher contemporânea presentes no consultório.”
Nesse cenário, Christiane Ribeiro recomenda a prática de atividades físicas como aliadas, bem como se apegar a hábitos positivos e manter o acompanhamento psicológico mesmo que à distância. “Com a necessidade de isolamento, é importante optar por exercícios que sejam realizados de forma individual, e que se evite aglomerações. Exercícios realizados em plataformas on-line são excelentes formas de se exercitar sem riscos. Os fatores de resiliência de proteção também incluem maior duração do sono e apoio social da família”, diz.
Na luta contra a COVID-19
A ONU Mulheres alerta, no relatório “COVID-19 na América Latina e no Caribe: como incorporar mulheres e igualdade de gênero na gestão da resposta à crise”, para a distinção dos impactos da pandemia entre homens e mulheres. Isso porque o número de mulheres na linha de frente do combate ao novo coronavírus é maior do que o número de homens.
Texto extraído da internet. Fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2021/03/08/interna_bem_viver,1244325/mulheres-e-covid-19-a-realidade-feminina-na-pandemia.shtml