Mato Grosso do Sul é o segundo estado brasileiro com o maior número de indígenas e as mulheres indígenas, assim como as mulheres de contexto urbano, também são vítimas da violência doméstica e familiar – entretanto, sofrem com a distância dos serviços públicos e com o precário acesso à informação.
Em algumas aldeias indígenas, a própria comunidade e os lideranças (Caciques e Capitães) ajudam as mulheres vítimas de violência, divulgando informações sobre a Lei Maria da Penha, transportando até a delegacia da cidade ou chamando a polícia quando necessário, o que mostra gradativa superação da resistência quanto às denúncias e mudança de comportamento da cultura patriarcal, atuando para garantir a integridade física e emocional das mulheres.
O Governo do Estado, por meio da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, realiza, incentiva e apoia ações locais para conscientização das mulheres sobre seus direitos e da comunidade sobre o fenômeno da violência doméstica e familiar, em parceria com os Organismos Municipais de Políticas para Mulheres (OPMs), com as lideranças femininas das aldeias e com órgãos da segurança pública estadual, como a Polícia Civil e Polícia Militar.
Em algumas aldeias, como nas localizadas no município de Dourados, há projetos da Polícia Civil para atendimento às mulheres em situação de violência: desde 2017, a Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) realiza mutirões de atendimento na própria aldeia, o que facilita a colheita dos depoimentos, a oitiva das testemunhas e os procedimentos. O projeto iniciou com a ida da unidade móvel de atendimento às mulheres em situação de violência (conhecida como “ônibus lilás”), contemplando a realização de palestras, rodas de conversa e atendimentos individualizados. Leia mais na matéria: http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/4360-aldeia-jaguapiru-em-dourados-ms-recebera-acoes-do-governo-estadual-para-o-enfrentamento-a-violencia-contra-mulheres
Mas assim como ocorre com a maioria das mulheres em situação de violência doméstica, as indígenas também não denunciam por medo, vergonha, por temer represálias da família ou pela falta de condições financeiras para manter o lar na ausência do homem. Ameaças são os crimes mais registrados pelas mulheres adultas, enquanto que as adolescentes e jovens são a maioria das vítimas de crimes sexuais. Em 2019, as mulheres indígenas foram 05 das 30 vítimas dos feminicídios registrados no Estado.
Em alusão à campanha Agosto Lilás em 2021, a Subsecretaria de Estado de Políticas Públicas para Mulheres (SPPM/MS), disponibilizou uma série de vídeos gravados em português, libras, espanhol, inglês, francês e guarani, visando alcançar mulheres surdas, migrantes, refugiadas e indígenas.
Seguimos avançando na construção de estratégias de enfrentamento a todas as formas de violência contra meninas e mulheres. Veja a versão em guarani, gravada pela sra Janete Gobe Costa Rodrigues, que ocupa o cargo de Secretária de Assistência Social do Município de Japorã: Agosto Lilás - 15 anos da Lei Maria da Penha em guarani.
No município de Dourados está a maior reserva urbana do país, formada pelas aldeias Jaguapiru e Bororó, com cerca de 3.500 hectares e 20.000 habitantes, diversas vulnerabilidades e elevados índices de violência contra mulheres e crianças. Ações de cidadania são realizadas nas aldeias e em parceria com a Subsecretaria de Políticas Indígenas, Polícia Civil e Polícia Militar, a SPPM lançou material impresso para distribuição nas atividades educativas.
A Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJMS, com apoio e em parceria com a SPPM/MS, iniciou campanha educativa visando informar as mulheres indígenas sobre seus direitos. Saiba mais no folder abaixo:
E para levar conhecimento acerca de seus direitos até as mulheres das etnias guarani e terena (maioria da população), facilitando a percepção da violência sofrida pelas mulheres e encorajando a denúncia, a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio do NUDEM – Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher, elaborou cartilhas contendo informações e orientações sobre a Lei Maria da Penha.
Cartilha Lei Maria da Penha - Esclarecimentos sobre a aplicação da Lei nº 11.340/2006 (Português)
Cartilha Lei Maria da Penha - Esclarecimentos sobre a aplicação da Lei nº 11.340/2006 (Guaraní)
Cartilha Lei Maria da Penha - Esclarecimentos sobre a aplicação da Lei nº 11.340/2006 (Terena)
Mensagem para as mulheres da etnia Guarani:
Quem é Guarani vai entender!
KUÑÁRE OJEJAHÉI RAMO, HOGAYGUAKUÉRA AVEI OÑANDU MBA'ERASY.
Hetave ára, pe jejahéivai ojejapóva kuñáre avei ojejapo imembykuérare ave, ombyaipa mitãnguéra ha mitãrusú reko porãve hag̃ua tenondevepe.
Avei, mitãnguéra ohecháva pe jejahéivairõ isýre, oguapy asy ave hesekuéra oñeñanduvaipa hag̃ua. Pe ñorairõpe oikóva hogapýpe ikatu ogueru heta mba’e vai okakua'a ohovo.
Kuñanguéra tekotevẽ oguereko mbarete ojoko hag̃ua pe jejahéi hesekuéra. Iporãve hag̃uaícha ijeupe ha avei imembykuérape guarã.
Ani rekyhyje, ani retĩtei remombeu hag̃ua ojehúva nderehe kuñakuéra.
Pe jejahéipy kuñare ndaha’éi kuñague ohekagui! Peicha hagui ojehurõ nderehe ko'ãva!
Eheka pytyvõha, ndejeúpe!
Kuña jeguerekoasyrõ, ndaikatui ma'avea hei: haenteko oheka ojehu hag̃ua
hese koã jejahéi.
Kuñangue ñepytyvoha hera léi! Pehekake
REIKUAÁPA NDE KUÑA OJEJAHÉIVA HESE?
Reikuaa ramo peteĩ kuñáre ojejahéiva, eñeha’ã eipytyvõ chupe. Ehendu mba’épa oguereko he’iarã ndéve. Ani reheko’uka vai ha reporandu rasy rasy teī raẽ chupe(kuñape). Jaguereko peteĩ pa’ũ jahecha hag̃ua umi mba’e. Nemandu’áke, maavéa nomendái ojopoi hag̃ua jey, jajoahu ramo jave ñame’ẽ ojoupe kunu’ũ ha jerovia.
Ehendu mba’épa pe kuña oguereko omombe’u va’erã ndéve. Eporandu oikuaápa ojapo’arã, moõpa ikatu oguereko oñeñangareko hag̃ua hese ha moõpa omombe’u va’erã mburuvichápe. Ndapeikuaairamo mba’épa pejajóta, peheka umi mba’ekuaarã rehegua.
Campo Grandepe, umi pytyvõ rehegua oĩme Kuña róga (Casa da Mulher Brasileira) pyhare ha arakue oñatende ha pe Centro Especializado de Atendimento à Mulher upépe oĩ oñangarekóva assistente sociais ha psicologakuéra oñangareko reiete ha ñemihaitépe ko ñehenoiha rupi 0800-67 1236 oñangareko segunda guie sexta peve 7:30 guie 17:30 peve.
Ambue tekoha rupi ka tetã’ĩpe (Estado), eheka CAM/CRAM, CRAS térã CREAS, ha'ekuéra oporomoguahẽ porã ha ome’ẽ pytyvõ mba’épa kuñanguéra ojapoarã ojejuhuramo tekoasýpe.
Iporãvéa ha’e eheka pytyvõ ha toñemoañete nderehe ñeñangareko!
Traduzido por: Elda Vasques Aquino e Arnulfo Moriningo
Mensagem para as mulheres da etnia Terena:
Quem é Terena vai entender!
ENEPÓ ISUKOVÓ’ NÉ SENÓ, UHÁ KOÉ VISONE’EKEXEOVÓ
Enepó orixokono’ne senó ika’hainexó kixopovihikó xe’exapa ûtí.
Porexoviné akoyea aunati visonêu, xapakukê kalivonô’hikó.
Poikehikó kaxé komomané`hikó, kalivovonô’hikó ra orixokókoti, kuti koenehikó vaherexó
Enepora vaherevókoti kuvêu vovóku, akó aunati vó’okuke enepora kalivonô’hikó hokoa.
Epo’oxo komomoviné kalivonô’hikó vorixeokokó
Epora vaherevokoti ya xapakuke ûtí senó, hanaiti porévi tumuneké.
Ûtí senó konokoati vitukeovo xûnati ya tumunéke vaherevokoti, epo’oxó vixikéa.
Motovâti kouhepêkea vônea xapakuké xe’exâpa ûti.
Hakó piké, hakó tiyó
Enepora vaherevókoti hainá ituke senó vapasika huvo’oxoviti
Akó omotova kixeokokoneya ûti.
Anekó yuhoikoyoku ûtí.
Enepo yexa’á isukeovo pohutí sêno, yunú yakoé.Yakamokenôa inuxotiké kemí emoûm.
Akó ynuxó koé’yemoûmVo’oku anekó turí ra koekuti
Puyakapá vokovó akoyea omotova yokovó ina’á vova’á xokoyó
Hainá voposikoti ixomoyea vipoíxo vimá
Epo’óxo voyokokóti kuti’ínoke houxokokoti ûtí, vuyuni’íkeokó yokó kutipeokokó ûtí
Yakamókenoa yuhó ra sêno inuxotiké, yepemaika exêa yonokumô isukakaná, yoko ovoku kotixoati
Akoti exá’a né yonokú hiva’áxa
Ya hanaiti mêum, anekó koahati ovókuhikó sêno akoti itupaikakaná, héu koeti kaxé míheo koyé, akó exexapú koahati- Casa da Mulher Brasileira
Inakeno’óko koahati – (CEAM ); Poimáka ovoku kotixó’oviti, akó parexá, heonouxovoti koekutí ( 0800-67-1236) miheó koé, héu koetí caxé.( ya 7:00hs tukú koé 17:30hs).
Apemaká kohati – CAM/ CRAM/CRAS/CREAS; poimaká ovokú porexo’óviti visonêu visukokonó.
Ainapo yakôe itinôe kopenóti.
Traduzido por: Evanisa Mariano da Silva (Evanisa Terena) e Genivaldo Flores da Silva.
Para saber mais sobre as aldeias indígenas nos municípios, acesse relatório do DSEI/MS: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/dezembro/08/Anexo-1659355-dsei-ms.pdf