Esse abismo criado entre masculinidade e feminilidade, à primeira vista, parecem se basear nas diferenças biológicas entre os sexos, ou seja, conforme nascemos homem ou mulher, espera-se que tenhamos comportamentos diferentes, e geralmente opostos: rude/meiga, forte/frágil, público/privado. Porém, se observarmos com um pouco mais de atenção, é possível perceber que essa educação diferenciada está carregada de valores que se baseiam em um modelo de sociedade patriarcal e, também, na superioridade dos homens sobre as mulheres. A partir disso, compreendemos que, ao educar mulheres e homens de forma diferenciada acabamos por limitar as oportunidades de cada um (a) e contribuir para a desigualdade social entre os sexos.
Em diversas situações as mulheres aceitam a invisibilidade presente na linguagem masculina utilizada por professoras (es). Era sempre: OS ALUNOS.
Um mundo mais igualitário entre mulheres e homens pode começar a ser construído na escola e em todos os demais ambientes educacionais se for um exercício diário, pode se concretizar em atos como, por exemplo, não diferenciar as cores e as brincadeiras conforme o sexo, deixando, assim, que cada uma(um) expresse seus olhar e desenvolva suas habilidades com mais liberdade de estereótipos e discriminações; referir-se tanto no masculino quanto no feminino quando estiver se dirigindo a grupos mistos, para, assim, não reforçar a invisibilidade feminina; não separar as filas e a lista de presença por meninas e meninos; estimular brincadeiras e jogos em conjunto, minimizando assim, a competição e rivalidade entre os sexos e mostrar que ambos são capazes de realizar as mesmas tarefas e funções, que meninas e meninos são iguais em direitos e obrigações.
O padrão de educação direciona as crianças a assumirem determinadas ações, os meninos, o tempo todo, são incentivados a serem corajosos, agressivos, a satisfazerem seus desejos, como se sua sexualidade fosse incontrolável. E com as meninas e mulheres a ideia é ao contrário: são ensinadas a serem delicadas, submissas, pacíficas e a terem que controlar seus desejos. Essa condução reforça nos meninos e homens que tenham atitudes violentas e levam as meninas a conviver com isso e a normalizar esta violência.
Apenas salientar que: sexo biológico é uma característica natural e o gênero é uma construção sociocultural, portanto, pode variar de acordo com as características locais e de um contexto histórico, sendo assim, mutável e passível de transformações.
Referência:
https://camtra.org.br/wp-content/uploads/2018/10/pub-cartilha-por-uma-educacao-nao-sexista.pdf