Por deliberação unânime, o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Estado de Mato Grosso do Sul, representados por entidades governamentais e não governamentais através e suas nobres Conselheiras, vem a público, repudiar a atuação do advogado de defesa do assassino em julgamento do crime de feminicídio cometido contra Tatiane Spitzner, 29 anos, advogada, em 22/07/2018 na cidade de Guarapuava/PR.
O júri, que já havia sido estrategicamente cancelado, esta vez aconteceu e durou uma semana, terminando com a condenação do réu a 31 anos de prisão – e, durante sua manifestação, realizada no dia 10/05/2021, o advogado de defesa agride com violência física sua colega de equipe, uma jovem advogada, ao tentar “simular” a esganadura
sofrida pela vítima Tatiane.
A advogada foi fortemente segurada pelo pescoço e chacoalhada para demonstrar uma suposta asfixia; as marcas em seu corpo evidenciam a agressão. O vídeo que circula nas redes sociais é chocante e absurdo. A profissional não fez nenhuma manifestação jurídica e ao que restou, foi levada ao júri apenas para servir à “reconstituição” do
crime, sendo oportuno aqui lembrar que em casos tais, utilizam-se bonecos, seres inanimados, exatamente para que não se repita a violência com outro ser humano. A atitude foi lamentável e antiética.
Uma violência, ainda que “simulada”, não pode ser tese de defesa em um crime de feminicídio, haja vista essa violência ser a maior violação dos direitos humanos das mulheres. Não vamos nos omitir. Não vamos nos calar. Não vamos tolerar qualquer forma de violência contra mulheres.
Nesse cenário, o Tribunal do Júri e seus atores não podem estar autorizados a banalizar e naturalizar a violência de gênero em detrimento da defesa de um cidadão acusado de feminicídio.
Campo Grande/MS, 11 de maio de 2021.
Amanda Parizan Faria
Presidente do CEDM – Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de MS
Publicado por: Jaqueline