Em tempos de pandemia reinventar-se é preciso. E é isso que a Subsecretaria Estadual de Políticas Públicas para Mulheres (SPPM) vem fazendo durante esse período de isolamento social. E com a proposta de dar continuidade ao projeto “Maria da Penha vai à Escola”, carro chefe da campanha Agosto Lilás, foi realizada uma roda de conversa virtual mediada pela Subsecretaria, com a participação da Defensoria Pública, professora e alunos da Escola Estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha na última quinta-feira (20.08).
“O objetivo principal do projeto “Maria da Penha vai à escola é educar para prevenir e coibir a violência contra a mulher, além de divulgar a Lei Maria da Penha. E nesse período a forma que encontramos de continuar levando essas informações aos adolescentes e jovens foi inserindo-os na discussão, dando a eles o espaço de fala. Especialmente os alunos da Escola Estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha, que há um bom tempo têm participado das nossas ações”, explica Luciana Azambuja, Subsecretária Estadual de Políticas Públicas para Mulheres.
O evento foi conduzido pela técnica da SPPM, Bruna Oliveira que tem se destacado no cenário estadual pela luta no enfrentamento a violência contra as mulheres. “O nosso evento teve como tema a Lei Maria da Penha e as relações abusivas entre adolescentes. Levando em consideração que esse tipo de relação tem efeito direto na mudança de comportamento dos envolvidos. Tendo em vista que uma relação assim pode acarretar em diversas consequências quando adultos. E com certeza debater, trocar ideias é a principal forma de disseminar informações esclarecedoras sobre o que é um relacionamento saudável e o que nós mulheres não devemos aceitar. ”
A Defensora Pública e coordenadora do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM), Thais Dominato, ressaltou que o órgão sempre é parceiro da campanha Agosto Lilás, mas sentiu-se lisonjeada com a proposta desta atividade realizada para a escola e com a escola. “Nós gostamos muito de falar com a comunidades escolar, acreditamos de fato que a escola é um ambiente transformador, e que é o espaço que se ampliam a visão para o mundo. E conversar com alunos (as) é sempre muito motivador desafiador, pois são curiosos e tem gana de saber. ”
Em sua fala a Defensora ressaltou algumas formas de como identificar um relacionamento abusivo, já que o mesmo não começa com tapa na cara ou ameaça de morte. A violência, inclusive, pode jamais se manifestar de forma física. Infelizmente, isso não significa que a dor e a destruição sejam menos reais, como por exemplo: ciúme excessivo, controle, invasão de privacidade, afastamento dos amigos, chantagem, ameaças, entre outros.
Para a professora Lusimeire Figueredo, diretora da Escola Manoel Bonifácio o evento é de suma importância. “Essa foi uma tarde de muito aprendizado e a escola é um ambiente que não pode estar fora do mundo real dos estudantes, a escola precisa estar junto, propondo diálogo, discussões, trocas de experiências. E quando o aluno sai da escola ele precisa levar esse conhecimento que ele adquiriu na escola, esse é o nosso papel. E a informação não parte só da escola e sim de todos os meios. E quando a drª Luciana disse eu quero ouvir esses alunos, foi maravilhoso, porque isso é crescimento”, explica.
Representando a escola os alunos Pedro Roberto Herman, Rayane Solis Pereira, Maria Clara da Silva e Ryan Rochete Leonel, protagonistas da roda de conversa destacaram seus pontos de vista sobre o evento. “Quando você leva esse assunto de violência contra a mulher para as meninas, elas não vão ver a violência da mesma forma, como algo normal, como meu vô fazia isso com minha vó, está tudo bem. Ela vai ver a violência de outra forma, como algo não normal, que ela não merece isso e sim mais que isso”, ressalta Rayane Solis.
Já o aluno Pedro Roberto Herman, explicou que quando soube do tema da roda de conversa quis muito participar. “Mesmo a Lei Maria da Penha tendo 14 anos, é uma lei nova ainda e o tema é muito abordado. Apesar de falar muito da mulher ela reflete no homem, nos meninos. E quanto aos relacionamentos os direitos são iguais. Relacionamento não é prisão, o que acontece muitas vezes é que tem meninos que não gostam de certas coisas e querem proibir suas namoradas. Mas isso não é certo e acaba se tornando uma obsessão. ”
No Brasil, quase metade das mulheres entre 16 e 24 anos sofreram alguma forma de violência em 2018 (Pesquisa Visível e Invisível 2019, Fórum Brasileiro de Segurança Pública). Por esse motivo, o Ministério Público Estadual de São Paulo lançou a cartilha “Namora Legal”, com dicas simples e práticas sobre relacionamentos. Nela é possível identificar comportamentos abusivos e o que fazer quando o controle dominou a relação. Acesse aqui a cartilha.
A live está disponível na página do facebook da Subsecretaria Estadual de Políticas Públicas para Mulheres: @SubsMulheres.
Publicado por: Jaqueline